Imagine-se no final do século XIX, em plena corrida do petróleo nos Estados Unidos. Agora, troque o cheiro de graxa por gráficos cartunescos e uma trilha sonora charmosa, e você terá Turmoil — um jogo indie de gerenciamento que, apesar da simplicidade, entrega uma experiência surpreendentemente envolvente.
Desenvolvido pela Gamious, Turmoil é um simulador de extração de petróleo com mecânicas acessíveis e uma curva de aprendizado suave. Seu objetivo é claro: ficar rico perfurando, armazenando e vendendo petróleo. Mas por trás dessa premissa direta, esconde-se um sistema de decisões estratégicas que desafia sua capacidade de planejamento e adaptação.
Você começa como um pequeno empreendedor, participando de leilões de terra, contratando trabalhadores (como toupeiras e radiestesistas) para encontrar petróleo, e construindo uma rede de dutos e silos para maximizar seus lucros. A cada rodada, a competição aumenta, os recursos se tornam mais escassos e as decisões mais críticas.
O que torna Turmoil tão viciante é o seu loop de gameplay enxuto e recompensador. Cada fase representa um ano de perfuração, e você precisa equilibrar custos operacionais, upgrades e o timing de venda do petróleo. Vender cedo pode significar lucro rápido, mas esperar o preço certo pode render muito mais — se você tiver espaço para armazenar.
Além disso, há uma camada de metajogo: com os lucros obtidos, você pode comprar melhorias permanentes (como dutos mais largos, silos maiores, ou cavalos mais rápidos) e até ações da cidade. O objetivo final? Comprar 50% das ações e se tornar o novo prefeito.
Os gráficos são simples, mas funcionais. O estilo 2D cartunesco dá um ar leve e quase cômico ao jogo, contrastando com a temática capitalista da exploração de recursos. A trilha sonora é discreta, com banjos e violões que evocam o Velho Oeste, criando uma ambientação relaxante e imersiva.
A progressão é um dos pontos altos. Você sente que está evoluindo a cada rodada, seja com melhorias técnicas ou aprendendo a ler melhor o mercado. O jogo também oferece DLCs como The Heat Is On e Deeper Underground, que adicionam novas mecânicas, mapas e desafios, expandindo consideravelmente a longevidade do título.
Você compete contra três rivais controlados por IA, cada um com personalidade e estratégias distintas. Eles também participam dos leilões e disputam as ações da cidade. Isso adiciona uma camada de tensão e imprevisibilidade, especialmente nas fases finais da campanha.
Boa notícia para jogadores brasileiros: Turmoil está totalmente localizado em português (interface e legendas), o que facilita a imersão e o entendimento das mecânicas. Além disso, o jogo roda bem até em máquinas modestas, o que o torna acessível para uma ampla gama de jogadores.
Apesar de todos os méritos, Turmoil não é perfeito. Após algumas horas, a repetição pode se tornar um problema, especialmente se você dominar rapidamente as estratégias mais eficientes. A IA, embora funcional, não oferece grande desafio para jogadores experientes. E o visual, embora simpático, pode parecer simplório demais para quem busca algo mais moderno.
Turmoil é um daqueles jogos que surpreendem pela simplicidade e prendem pela profundidade. Ele não tenta reinventar o gênero, mas executa sua proposta com competência e carisma. Ideal para sessões curtas ou longas maratonas, é um título que agrada tanto jogadores casuais quanto fãs de simulação econômica.