Wheel World: pedaladas, upgrades e desafios no Game Pass

 


Wheel World é uma daquelas surpresas agradáveis que aparecem no catálogo do Game Pass e, sem fazer alarde, conquistam espaço no coração dos jogadores. Desenvolvido pela Messhof e publicado pela Annapurna Interactive, o jogo nos transporta para um universo onde a bicicleta não é apenas meio de transporte, mas símbolo de identidade, cultura e até espiritualidade. A protagonista, Kat, acorda em um mundo estranho e logo se vê envolvida em uma missão peculiar: ajudar o espírito errante Skully a recuperar sua bicicleta lendária e realizar a Grande Mudança, um ritual que permite a passagem para o além. A narrativa, embora simples, é envolvente e serve como pano de fundo para uma jornada de descobertas, corridas e personalização.


O mundo de Wheel World é vibrante, acolhedor e cheio de personalidade. A ambientação mistura elementos urbanos e naturais com um toque de fantasia, criando cenários que convidam à exploração. O mapa, embora não seja extenso, é bem estruturado e recheado de pequenos segredos, santuários espirituais e desafios que recompensam a curiosidade. A trilha sonora, suave e atmosférica, complementa perfeitamente o clima relaxante do jogo, tornando cada pedalada uma experiência prazerosa.

A jogabilidade é centrada na mecânica de corrida e personalização da bicicleta. Kat e Skully precisam enfrentar diversos ciclistas em corridas para ganhar reputação (REP) e conquistar as peças da bicicleta lendária. Cada corrida oferece diferentes formas de acumular REP, seja vencendo, coletando letras espalhadas pela pista ou batendo o tempo recorde. O sistema de personalização é robusto e criativo, permitindo trocar peças como quadro, garfo, rodas, selim e transmissão. Cada componente afeta atributos como manobrabilidade, aceleração e aerodinâmica, além de oferecer perks especiais que mudam a forma de jogar. É possível montar bikes voltadas para velocidade, controle ou até saltos exagerados, o que adiciona uma camada estratégica divertida à experiência.


Apesar de seu charme, Wheel World não é isento de falhas. O desempenho técnico apresenta quedas pontuais, especialmente em áreas mais carregadas visualmente, o que pode quebrar o ritmo em momentos importantes. A física das colisões também é inconsistente: às vezes, esbarrar em outro ciclista não causa impacto algum, enquanto em outras situações, um toque leve pode resultar em quedas exageradas. Esses problemas não comprometem a experiência como um todo, mas merecem atenção.

Outro ponto que poderia ser melhor desenvolvido é o sistema de marchas. Embora existam transmissões com múltiplas velocidades, sua implementação é pouco intuitiva e acaba sendo ignorada em favor do uso do impulso. A sensação é de que o jogo introduz essa mecânica sem explorar todo seu potencial, o que é uma pena considerando o foco no ciclismo.


Ainda assim, Wheel World se destaca por sua proposta leve, divertida e acessível. É um jogo que não tenta competir com os grandes títulos do gênero, mas oferece uma experiência única, com identidade própria e uma boa dose de humor. As corridas são desafiadoras na medida certa, a exploração é recompensadora e a personalização da bicicleta incentiva a experimentação. É o tipo de jogo que convida o jogador a relaxar, explorar e se divertir sem pressa, como um passeio tranquilo de bicicleta em um fim de tarde.

Disponível no Game Pass desde o lançamento, Wheel World é uma excelente pedida para quem busca algo diferente, com uma pegada casual, mas não superficial. Ele entrega uma aventura charmosa, com personagens carismáticos, mecânicas bem pensadas e uma atmosfera que acolhe. Mesmo com seus tropeços técnicos, é uma jornada que vale a pena — e que talvez te inspire a tirar a poeira da sua própria bicicleta e sair pedalando por aí.



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