Nightmare Shift, desenvolvido pela Binary Lunar e lançado em julho de 2025, é um jogo de terror psicológico em primeira pessoa que mergulha o jogador em uma atmosfera sufocante e paranoica. A premissa é simples, mas eficaz: você assume o papel de Emma, uma jovem que trabalha no turno da noite em um motel remoto e vive em um apartamento claustrofóbico. A rotina atender hóspedes, limpar quartos, preparar café rapidamente se transforma em um pesadelo crescente, onde a linha entre realidade e delírio se dissolve.
O grande mérito do jogo está em como ele transforma tarefas mundanas em experiências perturbadoras. Ligar o rádio pode resultar em estática com sussurros incompreensíveis. Limpar manchas de vinho parece mais uma tentativa de apagar sangue seco. Atender o telefone significa ouvir gemidos que, com o tempo, soam como sua própria voz distorcida. Essa abordagem cria uma tensão constante, sem depender de sustos fáceis. A ambientação do motel especialmente o infame quarto 4 e o apartamento 3B é construída com detalhes que provocam desconforto genuíno, como luzes piscando, sons ambientes inquietantes e uma sensação persistente de estar sendo observado.
Infelizmente, a experiência é prejudicada por problemas técnicos recorrentes. Jogadores relatam bugs graves, como quedas de performance, congelamentos de animação e glitches visuais que quebram a imersão. Em uma das cenas mais críticas, ao explorar o porão em busca de fusíveis, a câmera pode travar em uma parede, forçando o reinício da partida. Há relatos de textos que aparecem em alfabetos ilegíveis ou simplesmente desaparecem, além de falhas que fazem Emma ficar paralisada enquanto sombras se aproximam. Esses problemas são frustrantes, especialmente em momentos de maior tensão, e comprometem a fluidez do jogo.
A narrativa se desenrola de forma fragmentada, com pistas espalhadas em fitas VHS, bilhetes e interações estranhas com hóspedes. Há múltiplos finais, dependendo das escolhas feitas ao longo das noites, o que adiciona uma camada de replay interessante. No entanto, a falta de polimento e a repetitividade de algumas tarefas podem tornar a progressão cansativa para jogadores menos pacientes.
Visualmente, o jogo aposta em uma estética sombria e minimalista, com iluminação estratégica e cenários decadentes. A trilha sonora é discreta, mas eficaz, reforçando a sensação de isolamento e paranoia. O uso de IA para gerar alguns elementos visuais e sonoros foi criticado por parte da comunidade, que aponta falta de originalidade e polimento em certos momentos.
Em resumo, Nightmare Shift é uma experiência intensa e atmosférica, que brilha quando foca na construção psicológica do medo, mas tropeça em sua execução técnica. Para fãs de terror indie que valorizam ambientação acima de ação, pode valer a pena desde que estejam dispostos a lidar com bugs e limitações. Se você busca uma jornada perturbadora e está disposto a encarar o motel do turno da noite, prepare-se para mais do que apenas sustos: o jogo quer te deixar desconfiando da própria realidade.