Forgive Me Father 2: Um Sermão de Sangue e Loucura no Altar dos Boomer Shooters


Forgive Me Father 2
para PlayStation 5 é uma experiência visceral que mergulha o jogador em um pesadelo lovecraftiano estilizado, onde ação frenética e estética sombria se entrelaçam para criar um dos shooters mais atmosféricos da geração. Desenvolvido pela Byte Barrel e publicado pela Fulqrum Publishing, o jogo chegou ao PS5 em 23 de setembro de 2025, após um período de acesso antecipado no PC que ajudou a refinar sua fórmula.

A sequência mantém a essência do primeiro título, mas eleva a proposta com melhorias visuais, mecânicas mais refinadas e uma ambientação ainda mais perturbadora. O protagonista continua sendo o Padre, agora mais atormentado e imerso em uma jornada de redenção e insanidade. A narrativa, embora não seja o foco principal, oferece momentos de introspecção e mistério, com fragmentos de história espalhados por cartas e documentos que revelam um passado sombrio envolvendo corrupção, cultos e horrores cósmicos.

Visualmente, o jogo é um espetáculo à parte. A estética de quadrinhos desenhados à mão retorna com força total, agora aprimorada com efeitos de iluminação mais sofisticados, sangue jorrando em profusão e órgãos voando em combates intensos. Cada cenário parece ter sido arrancado de uma graphic novel macabra, com ambientes que variam de asilos decadentes a trincheiras da Primeira Guerra Mundial, passando por estações subterrâneas e portos abandonados. Essa variedade, embora estilisticamente rica, às vezes carece de coesão narrativa, com transições abruptas entre os locais que parecem mais simbólicas do que lógicas.

A jogabilidade é o coração pulsante de “Forgive Me Father 2”. Trata-se de um boomer shooter moderno, com raízes profundas em clássicos como “Doom” e “Quake”, mas com uma identidade própria. O ritmo é acelerado, os inimigos são numerosos e grotescos, e o arsenal é vasto e satisfatório. Espingardas devastadoras, rifles de precisão, lançadores de explosivos e armas sobrenaturais compõem um leque de opções que permite ao jogador moldar seu estilo de combate. Além disso, o sistema de habilidades sobrenaturais adiciona uma camada estratégica interessante: quanto mais o jogador se entrega à loucura, mais poderes insanos ele desbloqueia, criando um dilema constante entre controle e destruição.

A trilha sonora e os efeitos sonoros complementam perfeitamente a ambientação. Músicas tensas e agressivas embalam os tiroteios, enquanto os grunhidos dos inimigos e os sussurros do próprio protagonista criam uma atmosfera de paranoia constante. A dublagem, embora exagerada em alguns momentos, encaixa bem com o tom pulp do jogo, especialmente a voz do Padre e seu misterioso interlocutor de sotaque irlandês duvidoso.

No entanto, nem tudo é perfeito. A campanha é relativamente curta, com níveis que podem ser concluídos em menos de quinze minutos. A estrutura das fases é simples e linear, com poucos desafios de navegação ou exploração. Em alguns momentos, o jogador pode encontrar a chave de uma porta antes mesmo de saber onde ela está, o que reduz o senso de progressão. Além disso, embora os inimigos sejam visualmente variados, a diversidade de comportamentos e estratégias poderia ser maior para manter o desafio constante.

Ainda assim, “Forgive Me Father 2” brilha como uma carta de amor aos fãs de FPS retrô. Ele não tenta reinventar o gênero, mas o celebra com estilo, intensidade e uma estética única. Para quem busca ação desenfreada, ambientação sombria e uma dose saudável de insanidade lovecraftiana, este título é uma escolha certeira no catálogo do PlayStation 5. Mesmo com suas limitações, ele consegue ser memorável, especialmente para aqueles que apreciam jogos que não pedem permissão para serem brutais, bizarros e deliciosamente caóticos.



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