Fear Made Flesh: O Horror Clássico Ressurge em Carne, Sangue e Loucura

Flesh Made Fear é uma carta de amor ao survival horror clássico, com atmosfera opressiva, jogabilidade retrô e uma trama grotesca que remete aos melhores (e mais perturbadores) momentos do gênero.

Lançado em outubro de 2025, Fear Made Flesh é um jogo independente desenvolvido por um único criador sob o selo Tainted Pact e publicado pela Assemble Entertainment. A proposta é clara: resgatar a essência dos jogos de terror dos anos 90, especialmente os primeiros Resident Evil, com câmeras fixas, controles em estilo “tanque” e uma ambientação decadente e sufocante.

A história se passa em 1992 e gira em torno da Reaper Intervention Platoon (R.I.P.), uma força-tarefa secreta enviada para conter os horrores criados por Victor “The Dripper” Ripper, um ex-agente da CIA que enlouqueceu e transformou uma pacata cidade em um laboratório de pesadelos. O jogador pode escolher entre dois agentes jogáveis, cada um com pequenas variações de habilidades e narrativa. A missão: sobreviver, descobrir a verdade e pôr fim aos experimentos macabros que fundem ciência, ocultismo e insanidade.

A ambientação é um dos pontos mais fortes do jogo. Com gráficos em baixa resolução que emulam a estética do PlayStation 1, o visual é propositalmente granulado, com texturas borradas e iluminação limitada, o que contribui para a sensação constante de vulnerabilidade. A trilha sonora é minimalista, com ruídos ambientes e efeitos sonoros que aumentam a tensão a cada passo. O design de som é eficaz em criar momentos de susto e desconforto, mesmo sem recorrer a jumpscares baratos.

A jogabilidade é deliberadamente rígida. Os controles em estilo tanque exigem paciência e precisão, o que pode afastar jogadores acostumados com fluidez moderna, mas agradará os fãs de jogos retrô. O combate mistura armas brancas e de fogo, com munição escassa e inimigos que exigem estratégia para serem derrotados. Os puzzles são simples, mas bem integrados ao ambiente, e a progressão depende de exploração cuidadosa e gerenciamento de recursos.

Narrativamente, o jogo aposta em uma construção de mundo densa e perturbadora. Diários, gravações e pistas espalhadas pelo cenário revelam aos poucos a extensão dos experimentos de Ripper, que envolvem manipulação mental, mutações grotescas e rituais ocultistas. A figura do vilão é carismática e aterradora, lembrando antagonistas como Albert Wesker ou o próprio Hannibal Lecter em sua frieza e eloquência.

Apesar de suas qualidades, Fear Made Flesh não escapa de críticas. A inspiração nos clássicos às vezes beira a cópia, e alguns jogadores podem sentir que o jogo não traz inovações suficientes para se destacar por conta própria. Além disso, a ausência de localização em português e a falta de opções de acessibilidade podem limitar seu alcance.

Ainda assim, para quem busca uma experiência de terror old school, com atmosfera densa, narrativa sombria e jogabilidade desafiadora, Fear Made Flesh é uma excelente pedida. É um jogo que não tenta agradar a todos, mas sim aos que sentem saudade de um tempo em que o medo vinha do silêncio, da escassez e da sensação de estar sempre um passo atrás do horror.



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