Neon Inferno, desenvolvido pela Zenovia Interactive para o PlayStation 5, é um daqueles jogos que não apenas homenageiam os clássicos do gênero run-and-gun, como Contra e Wild Guns, mas também se esforçam para construir uma identidade própria. Desde os primeiros minutos, o jogo se impõe com uma estética cyberpunk vibrante, que mistura o charme retrô dos anos 80 com uma paleta de cores neon e um design de personagens meticulosamente elaborado. Cada cenário, cada inimigo e cada efeito visual parecem ter sido pensados para mergulhar o jogador em um universo caótico e estilizado, onde a ação nunca dá trégua.
A narrativa gira em torno de dois protagonistas, Angelo e Mariana, assassinos de elite que trabalham para um sindicato criminoso e têm como missão eliminar os rivais. Embora as diferenças entre os dois personagens sejam sutis em termos de jogabilidade, suas interações e cenas de corte variam, oferecendo nuances que incentivam múltiplas jogadas. O enredo, embora simples, é eficaz: ele serve como pano de fundo para justificar a carnificina estilizada e os tiroteios incessantes, sem tentar ser mais profundo do que precisa.
O gameplay é onde Neon Inferno realmente brilha. A estrutura de fases é clássica, com progressão lateral e hordas de inimigos surgindo de todos os lados, mas o jogo adiciona camadas interessantes à fórmula. Em algumas fases, o jogador precisa lidar com inimigos em dois planos distintos — tanto no primeiro plano quanto no fundo da tela — o que exige atenção redobrada e reflexos rápidos. Há também segmentos em que se pilota uma moto, adicionando variedade e dinamismo à experiência. O sistema de tiro é fluido, com controles responsivos e uma sensação de impacto satisfatória. Os chefes são desafiadores e exigem estratégia, memorização de padrões e precisão, evocando o melhor dos jogos arcade.
Apesar de sua inspiração clara em títulos antigos, Neon Inferno não se limita a copiar. Ele introduz mecânicas modernas, como checkpoints bem posicionados, opções de dificuldade ajustáveis e uma trilha sonora pulsante que acompanha o ritmo frenético da ação. A música, aliás, merece destaque: com batidas eletrônicas intensas e atmosferas densas, ela complementa perfeitamente o visual do jogo e amplifica a sensação de urgência constante.
No entanto, nem tudo é perfeito. Alguns críticos apontaram que o jogo pode se tornar repetitivo após algumas horas, especialmente para quem não é fã do gênero bullet hell. A curva de dificuldade também pode ser abrupta em certos momentos, o que pode frustrar jogadores menos experientes. Ainda assim, esses pontos não chegam a comprometer a experiência como um todo, que permanece sólida e envolvente.
Neon Inferno é, em essência, uma carta de amor aos jogos de ação clássicos, mas com uma roupagem moderna e ousada. Ele não tenta reinventar a roda, mas a pinta com neon e a faz girar em alta velocidade. Para quem busca adrenalina, estilo e uma boa dose de nostalgia com tempero contemporâneo, este título é uma escolha certeira no catálogo do PlayStation 5.